domingo, 22 de setembro de 2013

Um reforço para melhorar a educação

A criação do programa “Mais Professores”, anunciada no final de agosto pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, faz parte do Compromisso Nacional pelo Ensino Médio e está em fase de desenvolvimento e depende do Orçamento disponível.
Entre as ações do programa, está a proposta de levar professores a escolas de municípios com índices de desenvolvimento humano baixos ou muito baixos e que tenham um baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) - índice calculado a partir do fluxo escolar e o desempenhos dos estudantes em avaliações nacionais.
A intenção é que, mediante o pagamento de uma bolsa, professores se disponham a reforçar o quadro dessas escolas. Para as escolas com baixo rendimento, a pasta quer atrair bons professores para melhorar o ambiente acadêmico. Caso não haja professores disponíveis na rede, o MEC cogita a participação de professores aposentados que queiram voltar às salas de aula.
A realidade do Marajó e da maioria dos municípios amazônidas, com distâncias enormes a serem percorridas por barcos, é que, os professores que ficam, em geral têm pouca formação. A maioria tem apenas o ensino médio, já que faltam também oportunidades de ensino superior.
O ex-diretor de Educação Básica Presencial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), professor Dilvo Ristof, destaca que o problema se agrava quando se observa que professores lecionam matérias para as quais não têm formação específica. “Dados demonstram que cerca de metade dos professores da Educação Básica são improvisados, isto é, não foram formados para ensinar o que ensinam”, diz Dilvo Ristoff.
“Nas cinco regiões do País, o quadro de formação em licenciaturas específicas também está distante do que preveem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE)”, acrescentou. Ristof aproveitou para apresentar os índices de professores com formação específica: Região Norte, 31% do quadro; Nordeste, 32%; Centro-Oeste, 46,5%; Sul, 60,5%; e Sudeste, 61%.
Entre as disciplinas, Dilvo Ristof avalia que “a situação é dramática” quando se trata da formação de professores de física e química. No caso de física, as instituições de ensino superior, públicas e privadas, formaram 18 mil professores nos últimos 25 anos. Hoje, por ano, as instituições formam 1.800, sendo que as escolas precisam de 56 mil professores na matéria. Já em química, saíram do ensino superior nos últimos 25 anos, 33 mil profissionais, sendo que oito mil estão na ativa. Concluem o curso de química, 3.630 profissionais ao ano, mas as escolas têm uma carência de 56 mil para atender as 5ª a 8ª séries e o ensino médio.
Em todas as disciplinas dos anos finais do ensino fundamental e para todo o ensino médio faltam profissionais. Em português, a carência é de 145 mil professores e em matemática, 108 mil. Em educação física, a situação se inverte. O país tem um estoque de 195 mil profissionais formados, mas nas escolas faltam 30 mil professores. Em filosofia e sociologia, disciplinas que entraram no currículo escolar há dois meses, o país está longe de poder atender a necessidade, destaca Ristof.
E neste ponto surge outra dificuldade que precisa ser vencida para tentar melhorar os índices educacionais de regiões isoladas, como o Marajó, onde vivem quase 500 mil habitantes. Como criar universidades pelo interior da Amazônia se não se conseguem nem manter professores de níveis fundamental e médio na rede de educação? Esta dificuldade foi revelada aos representantes do Movimento Marajó Forte, em uma reunião com técnicos do Ministério da Educação, em Brasília.O secretário de Educação Superior do MEC, Paulo Speller disse que o Ministério vem enfrentando semelhantes dificuldades para manter professores universitários em regiões mais carentes, como o Norte e Nordeste do país. “O MEC tem encontrado dificuldades para manter professores qualificados em regiões mais distantes da capital, Abrem-se concursos, os professores ficam por pouco tempo e logo pedem transferência para algum núcleo urbano. É preciso também criar mecanismos que assegurem a permanência dos professores nos campi”, completou.
Faltam professores e falta também especialização. Preocupados com a evasão de doutores e pesquisadores, reitores das universidades federais da Região Norte decidiram pedir ajuda ao governo federal para fixar estes profissionais na região. Atualmente, não há estímulo para que doutores se fixem na região amazônica. Muitas vagas abertas em concursos para docentes e pesquisadores têm sido preenchidas por recém- graduados e mestres. Dos mais de 70 mil doutores existentes no País, menos de 4 mil estão atuando na região amazônica.
Sem esses profissionais, as instituições têm dificuldade em abrir programas de pós-graduação e não conseguem captar recursos suficientes para melhorar a estrutura para pesquisa. O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, Emmanuel Zagury Tourinho, pediu ajuda da bancada da região Norte para sensibilizar o problema de falta de doutores nas universidades amazônidas.
“A região da Amazônia tem 10% da população, mas concentra menos de 5% dos doutores do país. Isso significa em torno de 4 mil dos cerca de 80 mil doutores no Brasil. A maioria das vagas abertas nas universidades e nos institutos de pesquisa são preenchidas por não doutores, ou seja, por docentes e pesquisadores que têm título de graduado ou, no máximo, de mestre. Em algumas universidades, metade dos professores são contratados sem o título. Em outras, 80% são não doutores”, revela o pró-reitor da UFPA.
Tourinho atribui a falta de doutores à falta de infraestrutura. “Somos um destino menos atrativo para pesquisadores que as universidades das outras regiões”. Sem os doutores, no entanto, a região não participa, na mesma proporção que as demais, da divisão de recursos de ciência e tecnologia. Tourinho diz que 5% da verba de incentivo da pesquisa é destinada à região amazônica.
Outro problema apontado pela reitora da Universidade Federal de Roraima, Gioconda Martinez, é a dificuldade em abrir cursos de pós-graduação. A região não consegue formar os próprios doutores. Gioconda diz que, apenas com uma política específica voltada para a região, será possível acabar com o “círculo vicioso” e fazer com que o Norte, que tem um desenvolvimento científico e tecnológico inferior ao restante do país, passe a ter as mesmas condições que as demais regiões.
POSSÍVEL SOLUÇÃO
Os reitores da Região Norte entregaram ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o Programa Atração e Fixação de Doutores na Amazônia, que propõe a fixação de pelo menos 10 mil doutores na região ao longo de dez anos. O Programa prevê investimentos para acelerar o desenvolvimento de programas e pesquisas na Região, em ações de médio e longo prazo, que atraiam e incentivem a permanência dos cientistas na Amazônia.
Para que comece a ser executado, o Programa de Atração e Fixação de Doutores na Amazônia ainda depende de decisões dos Ministérios da Educação; Ciência, Tecnologia e Inovação e das agências de fomento, como Capes, CNPq e Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa. Enquanto isso, resta aos reitores, doutores, professores e alunos da região aguardar a análise técnica do projeto. Pensam os doutores que, somente desta forma será possível cessar o chamado “ciclo vicioso” e promover a verdadeira mudança através da Educação na região Norte do Brasil.
(Diário do Pará)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

MEC dará bolsa para aluno do ensino médio estudar exatas e biológicas

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou nesta terça-feira (10) um programa para incentivar estudantes do ensino médio a seguirem carreira nas áreas de exatas e biológicas. Batizado com o nome "Quero ser cientista, quero ser professor", o programa vai dar bolsa de R$ 150 aos alunos de escola pública que demonstrem interesse nas áreas e que participem de uma jornada de trabalho e pesquisa, nos moldes da iniciação científica.
O professor do ensino médio também deve receber uma bolsa para supervisionar o aluno no programa, que terá ainda a participação de professores universitários como tutores.
Em nota, o ministério da Educação afirmou que o ministro pretende, com a iniciativa, "despertar o interesse que já existe em alguns estudantes, que têm excelentes desempenhos. Se você não estimular, se ele não tiver motivação, ele pode depois perder esse interesse. O Brasil precisa de mais profissionais nessas áreas".O anúncio do ministro foi feito na abertura do 2º Congresso do Movimento Todos pela Educação, que teve início nesta terça em Brasília. Mercadante afirmou que 30 mil alunos devem ser beneficiados na primeira etapa do programa. Em sua fala, segundo o MEC, o ministro explicou que a demanda por vagas em cursos nessas áreas é "muito baixa, em torno de 3% de matrículas apenas" e que, enquanto tem crescido para engenharia, ela segue igual para matemática, física e química.
Segundo o Ministério da Educação, ainda não há detalhes específicos sobre o "Quero ser cientista, quero ser professor", como a partir de que ano do ensino médio os estudantes poderão participar. O objetivo é estimular que mais jovens cursem a licenciatura em física, química, matemática e biologia, áreas consideradas pelo governo como prioritárias nos investimentos educacionais.
O MEC afirmou que a portaria que especificará as regras da primeira edição do programa deve ser publicada no "Diário Oficial da União" até a próxima semana. Então, o programa abrirá um prazo para que os governos estaduais e municipais que ofereçam vagas no ensino médio se inscrevam para participar do programa.
"Temos de fazer bolsa de assistência", defendeu o ministro, afirmando que muitos dos alunos de escolas públicas são pobres e precisam de tutoria e acompanhamento pedagógico. "O topo da escola pública é de excelente qualidade e concorre com o setor privado", disse ele.
Além de incentivo financeiro, o governo também pretende preparar materiais didáticos que estimulem o interesse dos alunos por matemática, física, química, biologia e astronomia. Chamado de Aventuras na Ciência, o material, segundo o MEC, será produzido por cientistas brasileiros.
Fonte: G1