quinta-feira, 17 de março de 2011

Crise no Japão pode elevar preços

SÃO PAULO - Os desastres naturais ocorridos no Japão na última semana trouxeram à tona questionamentos sobre o impacto que os prejuízos no país asiático poderiam trazer ao Brasil.

Em dois meses, as indústrias mais dependentes de peças e componentes japoneses, como a eletroeletrônica, deverão começar a ter problemas, bem como o consumidor desses materiais.

“Ainda é cedo para dizer. Mas a nossa sensação é a de que, em 60 dias, teremos dificuldades. Pode até ter escassez de produtos ou aumento de preços. Mas ainda é precoçe afirmar. No entanto, o setor está buscando alternativas em outros países”, disse o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, Lourival Kiçula, de acordo com a Agência Brasil.

Financeiro
Para o economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Rubens Sardenberg, os impactos do terremoto do Japão no setor financeiro do Brasil ainda não puderam ser mensurados pelos executivos.

De certo, afirmou o economista, é que o país asiático é um importante parceiro do Brasil, responsável por cerca de 5% dos investimentos estrangeiros diretos e 40% de participação nos títulos de médio e longo prazo.

“Normalmente, a gente tem um impacto muito grande nos mercados financeiros. Em geral, tem efeitos de curto prazo e, depois, se inicia o processo de recuperação”, explicou.

Embora os efeitos devastadores no Japão tenham acendido um alerta em todo o mercado, aqui no Brasil, pelo menos, o reflexo desses problemas não devem ganhar força para interferir no bom momento econômico do País.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que o governo já se reuniu para discutir as condições do mercado para decidir se adota mais medidas para tentar conter a queda do dólar, também segundo informações da Agência Brasil.

Mantega afirmou que é cedo para avaliar o real impacto da crise no Japão, mas reconheceu que o desastre natural provocou volatilidade nos mercados.

“Estamos acompanhando a evolução do mercado”, afirmou o ministro ao sair para uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. “É normal que os mercados fiquem um pouco mais nervosos, mas é necessário aguardar alguns dias para que a situação se acomode”, declarou.

Segundo ele, as consequências do desastre para a economia brasileira levarão tempo para serem conhecidas.“Não sabemos qual é o alcance da crise japonesa, estamos acompanhando para ver a sua extensão. Estamos torcendo para que o governo japonês consiga controlar a situação”, declarou.

Mantega evitou ainda fazer qualquer tipo de projeção sobre uma eventual queda das exportações brasileiras para o Japão e a venda de ativos japoneses no Brasil. “Tudo isso é prematuro. Temos de deixar a situação se delinear com mais clareza para conhecer a extensão dos problemas”, acrescentou.

Automotivo
Honda e Toyota, duas principais montadoras japonesas de veículos instaladas no Brasil, disseram que não sofrerão impacto relevante na produção em virtude da massiva produção de veículos e motos em solo nacional.

Na Honda, por exemplo, o índice de nacionalização das motos fabricadas pela companhia é de 95%, enquanto a dos carros chega a 80%, o que afasta a possibilidade de enfrentar problemas com o fornecimento de autopeças.

A Toyota informou que o nível de nacionalização dos veículos que produz é de 80% e que tem estoques para quatro meses de produção. Além disso, afirmou que o pátio da fábrica de Indaiatuba (SP) está cheio.

 Fonte:www.economia.uol.com.br

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